Tanque de Decantação: um canvas como solução

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Tanque de Decantação: um canvas como solução

17/11/17 - 5 minutos de leitura

O Tanque de Decantação (TD) é um canvas criado pelo Agile Coach da K21 Danilo Risada. Desde então, temos usado esta ferramenta em diferentes clientes e nos mais diversificados cenários. A principal aplicação é ajudar times na definição dos seus produtos mantendo um vínculo claro e poderoso com o seu propósito de negócio.

Aproveite para ouvir este conteúdo sobre o canvas Tanque de Decantação!

O que é um Canvas?

Canvas são quadros, cartazes ou outras ferramentas, físicas ou digitais, que ajudam na interligação de assuntos necessários para a organização de uma ideia.

Neste post, o objetivo é dar uma visão geral sobre esta ferramenta. Se gostar e quiser saber mais sobre como o Tanque de Decantação (TD) pode ser usado mande seu feedback! 🙂

Aplicando o Canvas do Tanque de Decantação

Olhe para o exemplo abaixo. Este é um canvas no formato de tanque de decantação. Que tal dar uma lida nos post-its e entender como a ferramenta funciona?

exemplo de um canvas preenchido, descrevendo um app de deliery

O Canvas

Existem diversos tipos de canvas, cada um com uma proposta diferente. Por exemplo: o Business Model Canvas é um dos mais conhecidos e, assim como todos, ele também tem campos pré-definidos para serem preenchidos e algumas restrições simples de preenchimento.

O Canvas, o assunto deste post, é dividido em cinco etapas: Propósito, Problema, Ideias, Principal Ideia (Foco) e CCC (Cartão, Conversa e Confirmação).

Propósito

O Propósito deve descrever o objetivo de negócio que queremos alcançar. Ele é o motivo pelo qual o Time Ágil ou a empresa existem; ou pelo menos é o ponto de partida.
Essas são algumas perguntas que ajudam a definir o propósito:

  • Se nós não existíssemos, o que nossos clientes / empresa perderiam?
  • Por que somos pagos?
  • Qual é a estratégia da minha empresa e como nos encaixamos nela?

Evite propósitos fracos. Exemplo: nosso propósito é modernizar o sistema X. Provavelmente o sistema X está sendo atualizado por alguma necessidade de negócio. Descubra qual é.

No exemplo da foto os propósitos são: facilitar a receber comida em casa e buscar restaurantes. Dois propósitos bem distintos, porém fortes, porque são propósitos fáceis para um ser humano de ter empatia.

O propósito pode estar fortemente ligado ao propósito da empresa, como o desejado. Porém, caso este link não esteja muito claro, é importante que não exista dúvida sobre os propósitos escolhidos e o porquê de eles fazerem sentido.

Problema

Já que temos um objetivo de negócio, então, quais são os problemas que estamos resolvendo para os nossos clientes? É fundamental que os problemas sejam descritos por uma ótica de negócio e sejam sempre vinculados a pessoas ou grupo de pessoas. Algumas perguntas que podem ajudar a definir o problema são:

  • Qual é a principal dor dos nossos clientes?
  • O que os nossos clientes desejam e por quê?
  • Como os nossos clientes resolvem a dor deles hoje?

Evite usar problemas excessivamente técnicos; pode ser que você esteja descrevendo a solução técnica sem descobrir a necessidade do seu cliente. Alguns exemplos: atualizar a arquitetura do sistema X para micro serviços; fazer Trade Marketing do produto Y; Entregar todas as demandas solicitadas até o primeiro trimestre do ano corrente e etc.

Métricas

O problema que você pensou existe? Se existe, qual o tamanho dele? Quando criarmos uma solução, qual a eficácia dela em relação ao problema?

Imagine que seu problema é correr uma maratona (42 Km). Como saber se você está no quilômetro 2, 20 ou 40? Como saber se você correu na direção errada e agora estão faltando 53 quilômetros para o final da corrida? As métricas ajudarão você a medir o tamanho do problema e o quanto dele foi resolvido. Leia o post Métricas – Como medir a agilidade do seu time. Lá, falamos sobre as métricas de negócio que medem a eficácia do seu Time Ágil.

Ter um time sem métricas é como navegar em mar aberto sem instrumentos. Tudo o que sobra são sentimentos e como disse um antigo professor apenas Morris Albert (Compositor da música Feelings) viveu de sentimentos.  A priorização do seu produto terá como base o pensamento “Eu acho que…”. Isso leva a discussões intermináveis e a iniciativas fracassadas.

Ideias

Quais são as possíveis soluções que afetam as nossas métricas e ajudam a resolver os problemas? Se o produto que você está criando é um software, quais são as funcionalidades que mais impactam nas métricas mais importantes? Você pode usar o formato de História de Usuário (User Story):

Eu enquanto <persona/cliente>
Desejo <ideia (funcionalidade com a hipótese de solução do problema)>
Para <problema a ser resolvido>

Todas as ideias são válidas. A única restrição é que deve haver uma relação de causalidade entre cada ideia e a métrica que ela irá alterar.

Foco

Entre todas as ideias que tivemos, qual é a mais importante? Qual é a ideia que melhor altera a métrica do nosso pior problema? Ela deve ser a primeira a ser validada no nosso produto. Isso não quer dizer que as outras ideias serão ignoradas, mas o nosso foco estará na mais importante de todas.

CCC (Cartão, Conversa e Confirmação)

O cocriador do método eXtreme Programming (XP) Ron Jeffries escreveu que uma História de Usuário deve ser composta por 3 Cs. O primeiro é o Cartão que é o item que será colocado na lista de itens a desenvolver da nossa solução (Backlog). No caso do Tanque de Decantação, o Cartão é a ideia em foco escrita no formato descrito acima.

O segundo C é a Conversa. Este é o momento de discussão sobre como aquela ideia se tornará produto. Vamos discutir o que aquela ideia é, o que ela não é, o que ela faz e o que ela não faz.

O último C é a Confirmação. Este é o momento em que conferimos se todas as pessoas envolvidas na criação do produto estão na mesma página e definir as regras do jogo. É aqui que criamos os critérios de aceitação, definir metas para as métricas, expectativas de prazo e etc.

Como preencher

Existe mais de uma maneira de começar a usar o canvas. Assim como a explicação nos parágrafos anteriores, podemos começar com um propósito e descermos etapa a etapa.

Há situações em que você pode começar com as ideias que você tem em mãos e fazer a engenharia reversa até encontrar um propósito claro. Já fizemos dessa forma algumas vezes e descobrimos que o problema que o time estava tentando resolver não existia. Em outro caso, não havia como medir se eles estavam resolvendo o problema ou não.

Durante o preenchimento do canvas é importante ver a relação entre cada item. O problema que queremos resolver nos leva para quais propósitos? Quais ideias impactam quais métricas? Isto é, promovemos um relacionamento MxN, em que todos os itens do canvas estão ligados bem como os membros do time. Graficamente podemos representar como uma linha entre os post-its.

Feedback

A nossa maior intenção em divulgar as nossas ferramentas é para que as pessoas experimentem e nos digam como foi. Temos muita curiosidade em saber como o uso pode se desenrolar em diferentes cenários, então, feedbacks são sempre muito bem-vindos 🙂

Segue abaixo algumas imagens de exemplos reais que foram construídos este ano.

exemplo de tanque de decantação real, mas o conteúdo dos post-its não podem ser lidos propositalmente

exemplo de tanque de decantação real, mas o conteúdo dos post-its não podem ser lidos propositalmente

exemplo de tanque de decantação real, mas o conteúdo dos post-its não podem ser lidos propositalmente

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Escrito por

Avelino Ferreira Gomes Filho

Trainer na K21


Avelino Ferreira é formado e mestre em Ciência da Computação. Teve uma longa trajetória na TI, começando como programador e chegando a gestor de diversos times de criação de produtos digitais. Conheceu e começou a adotar as melhores prática de de Métodos Ágeis em 2008. Desde então, se dedica a auxiliar outras empresas na construção da cultura ágil. Atualmente, é Consultor e Trainer na K21
Escrito por

Daniel Teixeira


Bacharel em física pela UFRJ, com mais de 10 anos de trabalho com desenvolvimento de software. Tornou-se Agile Coach em 2010. Criador de diversas dinâmicas de facilitação e referência na comunidade ágil.
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