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As reflexões de uma mentorada em RH Ágil

14/07/20 - 5 minutos de leitura

Em junho colocamos em prática um projeto bem bacana: o primeiro grupo de Mentoria em RH Ágil na K21. Foram dias de muito aprendizado, muita troca, conhecendo realidades distintas, discutindo e buscando na Agilidade maneiras de reinventar o RH para torná-lo protagonista da transformação organizacional.

Participar disso foi um presente para mim e para as experts Fernanda e Karen, que estiveram comigo nessa experiência. E quero compartilhar aqui um outro presente que ganhamos nessa mentoria: um texto profundo e reflexivo da mentorada Alexandra. Espero que gostem! 🙂


“Porque a direção é mais importante que a velocidade.” (Clarice Lispector)

Olhar os desafios do presente com outra perspectiva, vestindo outros sapatos. Minha melhoria contínua deste semestre foi entregar minhas dúvidas, anseios e medos ao estudo e conhecimento da Agilidade.

A lente que escolhi para conhecer o Mindset Ágil foi a lente dos desafios e oportunidades do RH Ágil abordados pela equipe da K21. Certamente iniciei com o pé direito neste caminho: minha intuição me levou ao encontros do RH Experience (20/05 a 04/06), depois à formação no RH Ágil (04/06) e esta semana terminarei a Mentoria RH Ágil (18/06 a 08/07).

Comecei com a minha lista de hipóteses e depois a cada encontro fui observando, questionando, aprendendo, desaprendendo e construindo novos olhares e conceitos, percebendo assim, que havia algo de muito simples e disruptivo no mindset ágil.

Enquanto os professores dividiam suas experiências em como olhar os problemas, percebia que a ótica do olhar ÁGIL ia me conquistando e me absorvendo nos seus efeitos concretos diários. “Fatiar primeiro o problema dentro do problema.””Saber entregar a cada semana (ciclo curto) o que tem mais valor para o cliente/negócio.”

Comecei a fatiar minhas questões e percebi que o conhecimento tradicional do trabalho organizacional já não respondia mais aos meus desejos, propósitos e motivações internas.

“Veja o mundo de outras perspectivas. Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda.” (Clarice Lispector)

Velhos paradigmas: até pouco tempo nossa única meta na vida se tornou manter tudo tão seguro e garantido quanto possível. Vivemos num tempo onde não há previsibilidade de consumo, mercado ou tendências.

Estamos construindo o caminho caminhando (observando, silenciando e construindo pegadas novas), sustentados nesse grande e rico repertório que adquirimos durante nossas vidas, não só profissionalmente, mas como seres integrais (emocional, profissional, espiritual e mental).

Não é de hoje que temos a Agilidade como grande protagonista deste novo olhar, deste novo co-criar de uma realidade que exige adaptabilidade, flexibilidade e olhar para o que mais humano temos. Reinventando assim o nosso estar no mundo e nas organizações.

Mas a cada encontro e a cada valor absorvido eu sentia uma alegria do despertar da visão aos novos saberes Ágeis, como o vento que bagunçava meus cabelos na corrida do primeiro passeio de bicicleta.

Todo mundo vai perder alguma coisa neste momento, se adaptar aos novos tempos requer algumas reflexões: o quanto temos de valor e ao que damos valor.

RH protagonista da transformação ágil

“Qual é a coisa mais difícil que existe? A que parece mais fácil aos seus olhos ver. Aquilo que está diante do seu nariz.” (Goethe)

O cenário da pandemia reforça a importância do RH para enxergar as habilidades necessárias para a recuperação e adequação das empresas ao nosso novo presente encontrando a melhor maneira de capacitar os colaboradores para esse desafio.

É papel do RH ter uma visão estratégica para conseguir antecipar quais habilidades precisam ser desenvolvidas nos colaboradores nessa nova fase do negócio. Como refletir sobre estes desafios sem passar pelo mindset ágil e a mudança primordial na cultura organizacional?

Um dos grandes poderes da Agilidade é a convergência para o valor – melhor hipótese de valor naquele momento. Quando conseguimos sair do status tarefeiro e focamos na entrega de valor, realizamos uma convergência diária do mínimo valor possível naquele dia, naquela semana, naquela sprint. Mostrando assim o tripé mínimo da agilidade para aplicação em qualquer projeto: melhoria contínua, ciclos curtos e foco no negócio.

A K21 me ensinou uma lição primordial nestes dias: por que não podemos chamar os Humanos de Recursos. Porque vivemos na era do trabalho criativo e não-linear, porque isso desconsidera a principal variável no resultado de um time, a colaboração, e porque rotula as pessoas como se elas não fossem capazes de aprender coisas novas.

Nós temos uma capacidade de aprendizado imensa, onde mora o campo de potencialidades de novos saberes. A colaboração é o que dá impacto exponencial ao resultado, mostrando a beleza com que a experiência individual e coletiva se alarga e se aperfeiçoa.

Mandala do RH Ágil

Quando estávamos no primeiro dia de mentoria, emergiu da inteligência coletiva, da colaboração do grupo, uma compreensão incrível – o Ágil é humano.

E para entendermos melhor este conceito, vale lembrar que na Agilidade o que há de mais humano em nós é o que nos qualifica como Trabalhadores do Conhecimento.

“Humano do Conhecimento ou Trabalhador do Conhecimento é aquele que sempre está aprendendo, ensinando e criando.” (Rodrigo de Toledo)

E pensando nos valores e comportamentos deste Trabalhador do Conhecimento, este Humano que o RH Ágil precisa desenvolver, engajar e motivar, nasce a Mandala do RH Ágil.

Breve contexto: por volta do século V a.C. um filósofo grego, Empédocles, na tentativa de explicar qual a natureza da matéria, criou a teoria dos quatro elementos. Segundo ele, tudo que existe no universo seria composto por quatro elementos principais: terra, fogo, ar e água.

Pegando carona nesta teoria, fiz uma analogia entre a Agilidade e as características desses elementos para entendermos melhor o círculo virtuoso de competências, valores e ações que o RH Ágil precisa disseminar para a construção de uma cultura Ágil.

Elemento Terra – firmeza, campo de resultados, conexão entre humanos e propósitos, colaboração, construção e entrega, fatiar as soluções, planejamento contínuo. Colaboração e engajamento na solução do problema.

Elemento Água – fluidez, adaptação, contorno, transparência. Não há nada de permanente, só a mudança. Todo desafio é uma possibilidade de exercício de nossa adaptabilidade e flexibilidade. É necessário transformar estes desafios em novos caminhos.

Elemento Fogo – é a combustão para as novas ideias, é calor, é energia, empatia, motivação intrínseca (propósito, autonomia, maestria). Manter a motivação para o autodesenvolvimento, sair da zona de conforto, fazer melhor em meio ao mundo. Fazer cada vez melhor aquilo que se faz cotidianamente.

Elemento Ar – autonomia, criatividade, sonhos, experimentação, silêncio, observação, aprender e desaprender. Foco e decisão. Inspiração e engajamento. Ambiente de experimentação, campo de potencialidades de novos aprendizados.

As reflexões de uma mentorada em RH Ágil 1

Os métodos ágeis serão ferramentas sem função se não houver a disseminação da cultura ágil que viabiliza a boa execução dos métodos. Mindset ágil não é um processo que bastaria ser implementado com alguns passos pré-definidos como uma receita de bolo.

Mindset ágil é um conjunto de valores e princípios que na sua realização no mundo é enxergado como uma cultura que só pode ser vivida quando mudamos palavras e ações.


Alexandra Oliveira CalhauAlexandra Oliveira Calhau – Gestora de projetos, possui experiência com integração de equipes, especialista em gestão de projetos na área de diversidade e inclusão. Experiência na Gestão de Mudança de cultura analógica para a digital no projeto pioneiro de digitalização das emissoras Tv Brasil e Tv Escola. Hoje, uma aprendiz, cada vez mais inspirada pelo Mindset ágil e suas metodologias.

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Escrito por

Raquel Tanurcov

Agile Expert na K21


Agile Expert da K21, com foco no domínio cultural. Atuou por um período da sua carreira como Business Partner de RH. Começou a falar sobre Transformação Ágil a partir da mudança cultural nas organizações. Seu interesse por entender as raízes da Agilidade motivou a transição da sua carreira, se aproximando da área de Tecnologia e Negócios. Formada em Administração pela Unicamp e pós-graduanda em Gestão da Inovação pela UFSCAR, descobriu na Agilidade uma forma de conectar pessoas, negócios, tecnologia e assim conseguir tracionar a transformação que tantas empresas buscam.
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