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4 dimensões de um time de produto

05/05/21 - 4 minutos de leitura

O santo graal do momento é: como desenvolver times de alta performance para executar estratégias ambiciosas de crescimento num mercado cada vez mais veloz e em constante mudança?

Gostaria de compartilhar uma situação hipotética que pode acontecer em muitas empresas. A história começa mais ou menos assim…

Após um ano e meio de trabalho duro para lançar um novo produto no mercado, existia uma sensação mista de entusiasmo e desespero entre os integrantes do time e pessoas de várias áreas da empresa.

Criou-se uma expectativa muito grande em cima de uma hipótese não validada: o desenvolvimento de um novo produto para um determinado segmento de mercado. Além da não validação, todos se perderam com a possibilidade de criar um produto digital.

Todos os envolvidos colocavam muita energia em aprovações internas através de apresentações em PPT. E isso fazia com que, ao invés de entregarem algo útil e funcional para o cliente final, criassem mais complexidade, enchendo o produto de funcionalidades não validadas.

Além disso, crescia a burocracia no processo através de aprovações de departamentos, tais como: marketing, comercial, atendimento, entre outros.

De alguma forma, você já se viu em algum momento em um ambiente assim, correto? Isso é mais comum do que parece.

O time estava ignorando o fator mais importante para o sucesso do negócio: o cliente!

  • Nós sabemos quem é o nosso público alvo?
  • O público alvo tem a dor que estamos tentando resolver?
  • Ele está buscando formas de resolver este problema?
  • O quão relevante é este mercado para o nosso negócio?

Para eliminar esse tipo de cenário e entrar no ciclo de desenvolvimento de produto de verdade, é importante olharmos 4 dimensões.

  • Negócio:  Como definimos nossas estratégias e necessidades dos clientes?
  • Cultural: Como nos relacionamos?
  • Organizacional: Como nos organizamos como empresa?
  • Técnico: Qual é o nível de maestria da nossa execução?

Abaixo descrevo os principais sintomas, em cada dimensão, que geram os problemas discutidos até aqui.

Time de produto na dimensão Negócio

Não existe estratégia para descoberta de demanda no mercado. Isso faz com que o time trabalhe sem propósito, resultando em entregas demoradas, cheias de desperdícios, onerando o time-to-market.

Além disso, há alto custo com escala prematura: estrutura definida de vendas, comercial, central de atendimento, marketing e parcerias esperando o produto ser desenvolvido para começar a fazer algo.

Imagina que você manteve essa estrutura por 12 meses e o lançamento do produto não teve sucesso. Ruim, não é?

Algumas dicas de como contornar:

  • Estratégia clara: Quais são os nossos objetivos? Por quê? Para que? Para quem?
  • Interação real com o cliente: Cadê o feedback dos primeiros clientes? E não é simplesmente mandar pesquisas no futuro do pretérito. Já oferecemos algo tangível para o cliente usar e dar feedback?
  • Critério de Sucesso: Quais são nossas expectativas com este produto? Quanto queremos de crescimento, engajamento e receita?
  • Build, Measure, Learn: O time precisa testar, aprender e iterar sobre o que funciona. Diminuir o custo do fracasso e aumentar a velocidade do aprendizado. Valorizando o teste por experimentação e análise por números.
  • Escala prematura: Custo alto de coordenação entre todas as áreas da organização para uma demanda que não está validada com o usuário real.

Dimensão Cultural

As pessoas não têm sentimento de dono, trabalham de forma reativa. Mesmo enxergando problemas e pontos de melhoria, não se envolvem para resolvê-los, esperando sempre uma direção dos superiores.

Isso gera estagnação e uma falta de clareza na hora de discutir o que pode ser melhorado nas próximas interações, fazendo com que o time não acompanhe as rápidas mudanças no mundo digital.

O resultado acaba sendo um ambiente de baixa segurança psicológica onde as pessoas ficam receosas de trazer problemas, preocupações ou até mesmo novas ideias.

As pessoas procuram evitar o conflito e a discordância produtiva, instaurando uma harmonia artificial.

Algumas dicas de como contornar:

  • Cultura de execução: Identifique pessoas que não têm capacidade de execução rapidamente e crie um plano de desenvolvimento.
  • Ownership: Sem sentimento de dono, não vamos muito longe. A responsabilidade precisa ser compartilhada.
  • Silos: É necessário fazermos o compartilhamento do conhecimento o mais rápido e consistente possível.
  • Segurança Psicológica: Ambiente seguro para conversas francas e discordância produtiva de ideias.
  • Cultura de Heróis: Não existe apoio para tomada de decisões distribuída – qualquer um pode ser um líder?
  • Aprendizado pelos erros: Olhar para o que deu errado anteriormente, discutir claramente e propor pontos de melhoria a cada ciclo.

Dimensão Organizacional

O time de desenvolvimento é visto apenas como fábrica. Não estão envolvidos em decisões de negócio.

As demandas chegam com o como, através de fluxos e telas pré-definidas pela equipe de concepção.

Não existe visibilidade para todos os integrantes sobre o trabalho que está sendo realizado, por exemplo: backlog técnico, concepção e negócio.

Como contornar?

  • Silos (UX, PO e P&D): Parem de especializar demais, comecem a se comportar como um time que está construindo um negócio. O resultado do trabalho não é a soma das partes, mas sim o resultado de um trabalho em conjunto.
  • Visibilidade: Gere visibilidade sobre acertos e fracassos de forma constante.
  • Velocidade: Dê preferência para ciclos de dias ao invés de semanas ou meses. Discutam problemas de negócio e não simplesmente problemas de processo para conseguir o time-to-market.

E o Técnico?

O time ainda enfrenta problemas com Delivery em QA. Além de ter cultura de especialistas.

Por exemplo, qualidade é responsabilidade de um integrante do time, gerando gargalos e qualidade frágil nas suas entregas.

  • Responsabilidade de todos: A qualidade é algo que deve permear o dia a dia de todos da equipe e não deve ser responsabilidade de um só. Todos são responsáveis pelo que é entregue ao cliente.
  • Testes automatizados: Desenvolva uma cultura de testes automatizados.
  • Instabilidade de ambientes: Desenvolva uma cultura devops.
  • Integração contínua: Precisamos de um pensamento mais holístico, não podemos pensar em integração a cada release, isso deve ser algo constante e natural.

Essa é uma lista das principais razões pelas quais os times de produto não têm sucesso no seu dia a dia e, consequentemente, as empresas gastarem milhões de reais todos os anos sem o retorno esperado.

Espero que tenha gostado deste artigo, deixe nos comentários dúvidas ou sugestões de conteúdos.

Para mais conteúdos sobre time de produto, siga o perfil do Product Summit no Instagram: @psummitbr.

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Escrito por

Magno De Santana

Agile Expert e Trainer na K21


Apaixonado por inovação, com experiência em desenvolvimento de produtos digitais utilizando práticas de Design Thinking, Lean Startup e Desenvolvimento Ágil
Esta postagem se encontra sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

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