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Como explicar os níveis de motivação de indivíduos em 3 filmes

25/09/19 - 4 minutos de leitura

A motivação dos indivíduos é uma das questões mais importantes para a gestão e faz parte dos 4 Domínios da Agilidade quando falamos do domínio Cultural, atualmente em nossos clientes vemos muitos gestores se deparando com o questionamento de “Como motivar as pessoas?”, porém, antes de entrar em ferramentas, é preciso entender um pouco mais sobre o que é motivação e como ela funciona. O Daniel Pink é um dos principais autores que trata o tema de motivação na atualidade, e em seu livro Drive (Motivação 3.0) ele elenca 3 tipos de motivação:

  • Motivação 1.0, que é baseada em sobrevivência.
  • Motivação 2.0, que é extrínseca, ou seja, direcionada por recompensas ou punições.
  • Motivação 3.0, que é intrínseca, baseada em (1) Autonomia – o desejo de dirigir a própria vida; (2) Maestria – o impulso de estar sempre melhorando em algo de relevância; e (3) Propósito – a necessidade de atuar a serviço de algo maior.

O paralelo que gosto de traçar para tangibilizar o que essas motivações representam no dia a dia é com cinema, então pegue a pipoca e se prepare para uma maratona de filmes ao final desse post! E se você já os assistiu, te convido a assistir novamente, agora com o olhar de reflexão sobre motivação. Vamos à lista então: a Motivação 1.0 é representada pelo filme “Náufrago”, a Motivação 2.0 é representada por “O Lobo de Wallstreet” e a Motivação 3.0 é representada por “Sociedade dos Poetas Mortos”. A seguir falarei um pouco mais sobre os filmes e essa conexão com motivação, atenção pois CONTÉM SPOILERS.

Motivação 1.0 – Náufrago

Chuck Noland (Tom Hanks) ainda que sozinho e enfrentando as condições mais adversas possíveis continua seguindo no seu caminho atrás de sobrevivência, assim é o trabalhador que está vivendo um dia de cada vez pensando se estará apto a quitar suas contas e sobreviver dignamente até o próximo pagamento. Quando falamos da Pirâmide de Maslow, essa pessoa está com o seu foco nos dois primeiros degraus, onde se preocupa com Fisiologia e Segurança. Nesse cenário situações ou indivíduos que possam prejudicar a garantia de tais fatores serão considerados extrema ameaça e a pessoa que está neste tipo de motivação lutará contra tais situações ou indivíduos.

As empresas às vezes não entendem porque algumas pessoas não colaboram, inovam ou se preocupam com mais do que o “básico” do seu trabalho, e muito disso pode ser o indivíduo apenas protegendo-se e evitando assumir qualquer risco para garantir que nada vai ameaçar sua sobrevivência.

Motivação 2.0 – O Lobo de Wallstreet

Neste filme temos Jordan Belfort (Leonardo di Caprio) como um ambicioso jovem que descobre oportunidades altamente rentáveis, entretanto moralmente questionáveis, no mercado financeiro. Neste caso estamos falando de recompensas ou punições externas ao indivíduo, a chamada motivação extrínseca. Essa motivação faz com que o indivíduo busque alcançar ou repelir algum fator externo, é fácil de tangibilizar e ter clareza sobre o que o está motivando.

Pessoas imersas nesta motivação estão com foco em um objetivo final externo a si mesmo, o que pode muitas vezes fazer com que esse objetivo seja mais importante do que o caminho até ele, daí podem surgir comportamentos disfuncionais e extremos na busca de recompensas. Na pirâmide de Maslow muitas vezes estamos falando de necessidades dos indivíduos para manter os degraus do meio, Social e Estima. Nesse cenário pode surgir alta competitividade e busca por atalhos, caminhos curtos que cheguem ao objetivo final (a recompensa) mais rápido.

Em um cenário de extrema motivação 2.0 nas empresas é possível observar pessoas burlando regras, processos ou negociando para “dar um jeitinho”. Em outros exemplos acontecem também comportamentos disfuncionais de alta competitividade onde um indivíduo para dar destaque ao seu trabalho se dedica a prejudicar o trabalho do outro.

Motivação 3.0 – Sociedade dos Poetas Mortos

Esse filme é um grande exemplo para mim porque fala profundamente do quão poderosa é a Motivação 3.0, tanto positiva (quando está sendo potencializada) quanto negativamente (quando está sendo reprimida). Essa motivação, chamada intrínseca, parte da premissa de algo que vem de dentro do indivíduo, que faz parte dele, diferentemente das recompensas ou punições. Os pilares citados por Daniel Pink, que são propósito, autonomia e maestria, são buscas do indivíduo que partem de si mesmo. Voltando à pirâmide de Maslow, estamos agora falando do topo, de Realizações Pessoais.

No filme, temos o professor John Keating (Robin Williams) que se propõe a trabalhar na escola onde estudou, mesmo tendo passado por apuros lá e não tendo boas lembranças. Ele faz isso com a motivação de melhorar a experiência para alunos depois dele (propósito) e por conseguir influenciar e construir a mentalidade dos estudantes (autonomia). Além disso vemos o desafio que o Neil Perry (Robert Sean Leonard) enfrenta em sua busca por ser ator ao mesmo tempo em que a família o força a seguir a carreira de medicina (motivação 2.0). Essa dualidade entre o que é garantia de futuro financeiro estável e a maestria de buscar ser um ator cada vez melhor, faz com que Neil não aguente e cometa suicídio.

Como explicar os níveis de motivação de indivíduos em 3 filmes 1

Pirâmide de Maslow (imagem: OpinionBox)

Reprimir ou ignorar o senso de propósito, autonomia e maestria, que são os pilares que motivam o trabalhador do conhecimento (termo criado por Peter Drucker) pode levar a consequências devastadoras. Assim como ignorar que primeiro precisamos cuidar das bases da pirâmide de Maslow para depois discutir o seu topo.

Para conseguir atuar melhor na motivação dos indivíduos no dia a dia precisamos entender que é necessário suprir as necessidades básicas (motivação 1.0) e fazer com que existam as recompensas mínimas de modo que o extrínseco (motivação 2.0)  não seja mais importante que o intrínseco (motivação 3.0). Uma vez tratados esses fatores, podemos focar em potencializar o que indivíduos criativos conseguem produzir quando têm propósito, autonomia e maestria. Essa é uma das bases para a Gestão 3.0 (Management 3.0), forma de gestão que nasce em contrapartida à gestão tradicional, voltada para os trabalhadores do conhecimento e os times ágeis.

Imagine agora onde você e sua empresa estão. Qual é a motivação que prevalece hoje? E onde você gostaria de focar?

Quer saber mais sobre como motivar as pessoas? Se inscreva no nosso treinamento de Management 3.0.

Esse post te fez lembrar de mais algum filme relacionado à motivação? Conta para a gente nos comentários!

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Escrito por

Rafaela Fonseca

Agile Expert e Trainer na K21


Rafaela é Agile Expert e Trainer na K21. Mestre em Informática pela UniRio e agilista desde 2012. Já atuou na transformação de organizações como Adeo Leroy Merlin, Banco Carrefour, Natura, Algar Telecom e Whirlpool.
Esta postagem se encontra sob a licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.

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