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Porquê? É a pergunta mais importante do mundo, quiçá do universo!

04/11/20 - 4 minutos de leitura

Em nosso trabalho, é muito comum termos certezas. Utilizamos muitas “verdades” frágeis e acabamos nos frustrando quando essas encaram a realidade e acabam trituradas. Precisamos de menos certezas e mais questionamentos.

Gosto de instigar essa discussão começando por listar as 6 principais perguntas do mundo. Sim, são só 6: “Como?”, “O quê?”, “Onde”, “Porquê”, “Quando” e “Quem”.

5w1h ou 5w2h?

Normalmente, as 6 perguntas são chamadas de 5w1h por suas iniciais em inglês: What, When, Where, Who, Why e How. Por exemplo, ao se contar uma história, devemos responder às seis perguntas para que ela fique completa.

É claro que um escritor ou um jornalista pode deliberadamente escolher as perguntas que irá ou não responder. Mas todo o seu conteúdo pode ser mapeado com cada uma das perguntas.

Eventualmente, pessoas de administração resolveram incluir mais uma pergunta: Quanto Custa? (ou, em inglês, “How much?”), transformando o conjunto em 5w2h.

Curiosamente, a lista original vem do tempo de Aristóteles. E, de fato, havia a sétima pergunta. Eram as Sete Circunstâncias da obra Ética a Nicômaco.

Elas eram: “Quem?”, “O quê?”, “Quando?”, “Onde?”, “Porquê?”, “De que maneira?” e “Por que meios?”. Essas duas últimas acabaram fundidas no “Como”. E, para trazer o nosso ponto aqui, vamos manter a versão 5w1h.

 

Porquê? É a pergunta mais importante do mundo, quiçá do universo! 1
5W1H

 

Porquê? É a pergunta mais importante do mundo, quiçá do universo! 2
5w2h. O How Much costuma a ser algo derivado da resposta a outras perguntas. Por exemplo: Quem fará? O que fará? Quando fará? Como fara?

Prioridade

Temos uma frase que diz: “qualquer lista maior ou igual a 2 tem que ser priorizada”. Essa lei da priorização é um confronto a um modelo tradicional de pressão para se fazer tudo. Como estamos diante de uma lista de 6 itens, temos que aplicar a lei da priorização.

"Qualquer

 

Por dezenas de vezes, aproveitei o público de uma aula, workshop ou palestra. E priorizamos a lista das seis perguntas com inteligência coletiva, usando a técnica de Dot Voting.

Ela segue alguns padrões que se repetem independentemente da origem do público (empresas pequenas ou grandes, governo ou não, Brasil, EUA, México, Portugal ou França…).

“Porquê?”, a mais importante

Em todas às vezes, o “porquꔑ ganha a votação! Muitas vezes, de lavada, chegando ao dobro de votos do segundo colocado. Esse resultado está ligado à importância do entendimento do propósito, que é uma das três principais motivações intrínsecas para o trabalhador do conhecimento.

Para nosso desespero, em nossas consultorias, a maioria não consegue responder ao segundo “porquê?” quando investigamos o que estão fazendo (não sabem responder “o porquê do porquê”). Outro autor famoso, Simon Sinek, defende que devemos sempre começar pelo “porquê?”.

“Porquê?”, “O quê?” e “Quem?”

Quase sempre em 2º lugar, temos: “o quê?”. Em 3º lugar, há uma alternância entre “quem?”, “como?” e “quando?”, com predominância do “quem?”. E são justamente essas três perguntas a que o formato User Story pretende responder.

O formato de História de Usuário (User Story). Texto escrito: Eu, enquanto quem quero o quê para por quê.
Modelo de História de Usuário (User Story)

Eventualmente entre as top três, aparecem o “como?” e o “quando?”. Normalmente, isso é reflexo do perfil do público.

Quando os que estão votando são de um perfil mais técnico, é o “como?” que entra no top três. Já quando temos um grupo com a maioria do perfil de gerente de projetos, o “quando?” se sobressai.

Veja, na tabela abaixo, o resultado de 10 votações online feitas em 2020, com um público de 17 a 33 pessoas (cada indivíduo teve 3 votos).

Pergunta (5w1h)Turma 01Turma 02Turma 03Turma 04Turma 05Turma 06Turma 07Turma 08Turma 09Turma 10
Como?203910131299314
O quê?27152823293026211728
Onde?1011100102
Porquê?31254433314133444034
Quando?81686497611
Quem?12710115791055

“Onde?” é a menos importante

Apenas uma curiosidade: todas as vezes em que fiz essa dinâmica de priorização, o “onde” acabou em último. Muitas vezes, com zero votos. Ninguém quer muito saber “onde” foi.

Outras razões para usar o formato User Story

  • Fatiamento: o próprio formato User Story induz a um bom fatiamento da demanda por focar na necessidade.
  • Foco no consumidor: faz toda a diferença contar uma história pela perspectiva do seu uso. Essa é, inclusive, uma forma de gerar empatia para quem escreve, lê ou trabalha para criar a solução.
  • Empatia: pense em uma boa User Story. “Eu, enquanto João, deficiente visual, gostaria de utilizar o portal do aluno sozinho porque não quero depender de outras pessoas.” Ao ler, você consegue imaginar um deficiente visual utilizando a ferramenta da empresa. A partir disso, em todas as histórias que sejam fatiadas dessa, o time de desenvolvimento poderá empatizar com o João. “O João consegue utilizar o portal do aluno sozinho sem a ajuda de terceiros?”
  • Independência: opostas a outros formatos tradicionais de requisitos, as User Stories têm alto grau de independência entre si (com poucas exceções). Isso permite uma priorização com altíssimo foco em retorno sobre o investimento.

Conclusão

São muitas as vantagens de descrever especificação de produtos e serviços com as Histórias de Usuários. Com este formato, respondemos às perguntas mais importantes do universo. Ele também nos possibilita resolver problemas que nossos consumidores e empresas possuem.

Porquê utilizar user stories?

Assista ao vídeo para entender o que é User Story e qual problema este formato ajuda a resolver.

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Escrito por

Avelino Ferreira Gomes Filho

Trainer na K21


Avelino é formado e mestre em Ciência da Computação. Teve uma longa trajetória na T.I. começando como programador e chegando à gestor de diversos times de criação de produtos digitais. Conheceu e começou a adotar as melhores prática de de Métodos Ágeis desde 2008. A partir de 2015 se dedicou a auxiliar outras empresas a adotar tais métodos. Atualmente é Agile Coach e Trainer na Knowledge 21.
Escrito por

Rodrigo De Toledo

Co-fundador e Trainer na K21


Rodrigo de Toledo é co-fundador da K21, Certified Scrum Trainer (CST) pela Scrum Alliance, Kanban Coaching Professional (KCP) e Accredited Kanban Trainer (AKT) pela Kanban University, além de Licensed Management 3.0 Facilitator. Com Ph.D na França, possui diversos artigos internacionais e lecionou por doze anos na PUC-Rio e na UFRJ, duas das principais universidades da América do Sul.
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